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Lacerda é vencedor em duas categorias do Prêmio Brasil de Economia 2017

“Fui um dos vencedores em duas categorias do Prêmio Brasil de Economia 2017:
a) como coautor do livro “O futuro do desenvolvimento”, organizado por Lastres, Cassiolato, Sarti e Laplane, na categoria livro;
b) como autor de “A dinâmica da crise brasileira: discutindo alternativas”, na categoria artigo!”

O futuro do desenvolvimento
Conheça os vencedores do XXIII Prêmio Brasil de Economia

Convém ter prudência

Porque não é hora de reduzir a meta de inflação. Artigo de Antonio Correa de Lacerda para o Estadão.

Confira na íntegra aqui.

Crédito e financiamento às empresas

É a taxa Selic que precisa se aproximar da TJLP, e não o contrário
Antonio Corrêa de Lacerda
Garantir crédito e financiamento às empresas e consumidores a taxas de juros compatíveis com a rentabilidade da atividade produtiva e a capacidade de pagamento dos tomadores é fundamental para a retomada do crescimento. No âmbito empresarial, diante da ausência de crédito de longo prazo privado no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sempre exerceu um papel preponderante para isso.

A gestão do banco decidiu alterar a taxa de juros de empréstimos ao setor privado, até então baseada na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho Monetário Nacional. A nova taxa é a Taxa de Longo Prazo (TLP), referenciada à taxa das Notas do Tesouro Nacional (NTN-Bs) de cinco anos, títulos públicos atrelados à inflação, de acordo com a Medida Provisória 777.
Garantir crédito e financiamento às empresas e consumidores a taxas de juros compatíveis com a rentabilidade da atividade produtiva e a capacidade de pagamento dos tomadores é fundamental para a retomada do crescimento. No âmbito empresarial, diante da ausência de crédito de longo prazo privado no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sempre exerceu um papel preponderante para isso.

A gestão do banco decidiu alterar a taxa de juros de empréstimos ao setor privado, até então baseada na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), fixada pelo Conselho Monetário Nacional. A nova taxa é a Taxa de Longo Prazo (TLP), referenciada à taxa das Notas do Tesouro Nacional (NTN-Bs) de cinco anos, títulos públicos atrelados à inflação, de acordo com a Medida Provisória 777.
Um dos argumentos dos que defendem a alteração do critério é que essa prática implica uma espécie de subsídio. De fato, do ponto de vista fiscal stricto sensu e de curto prazo, o diferencial entre Selic e TJLP significa um subsídio, principalmente se considerarmos as taxas praticadas atualmente. Mas, considerando que o financiamento de projetos é de longo prazo e implica o efeito multiplicador dos investimentos realizados e seu potencial arrecadador tributário, o alegado “subsídio” não se sustenta.

Já do ponto de vista da competitividade, a TJLP não representa subsídio algum, simplesmente porque nossos concorrentes internacionais gozam de financiamentos a taxas de juros menores do que ela. Ou seja, a Selic é que precisa se aproximar da TJLP, e não o contrário, mesmo porque não há projetos ou atividades que ofereçam taxas de retorno semelhantes à Selic, ou menos ainda as disponíveis para financiamento no mercado.

O diferencial apresentado tem sido determinante no papel do financiamento público para o desenvolvimento do País nos 65 anos de existência do BNDES. Os desembolsos do banco, que por anos cresceram continuamente, passaram a cair e tiveram expressiva redução em 2016 (de 35%, para R$ 88,3 bilhões), comparado a 2015. A recessão fez com que o total de investimentos realizados na economia, a Formação Bruta de Capital Fixo, caísse para só 14,2% do PIB, e a participação do banco no financiamento foi reduzida de 2,6% do PIB, em 2013, para 1,1%, em 2016. É preciso viabilizar uma nova fase de crescimento econômico, para a qual o financiamento é fundamental.

Fato é que o papel representado pelo financiamento dos bancos públicos no Brasil é insubstituível no curto prazo. Dadas as condições desfavoráveis oferecidas pelo mercado privado, escassez de recursos, exigência de contrapartidas e altas taxas de juros praticadas, ele não é uma alternativa viável para suprir as necessidades de financiamento de longo prazo dos setores produtivos e da infraestrutura. Daí ser imprescindível preservar o financiamento público nos moldes em que funcionava a TJLP.

Antonio Corrêa de Lacerda, economista, doutor pelo IE/Unicamp, é professor-doutor e coordenador do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUC-SP

 

Publicado no Estadão.

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